Hoje vamos tratar sobre um tema muito importante para o desenvolvimento do turismo no Brasil: o que é e como evitar o turismo predatório.

Em textos anteriores, falamos sobre como o turismo pode ser um aliado na luta pela preservação do meio ambiente.

Hoje vamos tratar do outro lado da história: como o turismo também pode se tornar o vilão da história e causar mais problemas do que benefícios. Quando isso acontece, temos o chamado turismo predatório.

O turismo predatório pode se apresentar de diferentes maneiras; neste texto, em suma, teremos como exemplo o impacto na infraestrutura de um destino turístico.

´Turismo Sustentável Vivalá

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A Ilha do Cardoso

Vamos analisar o caso da Ilha do Cardoso, no litoral sul de São Paulo, onde a Vivalá realizou as Expedições Mata Atlântica, com o intuito de capacitar microempreendedores locais.

Aquela região, chamada de Vale do Ribeira, concentra boa parte do que sobrou da Mata Atlântica no país.

Ao mesmo tempo que possui uma biodiversidade incrível, a área também conta com cidades históricas, é habitada por povos tradicionais e ainda possui uma herança cultural muito rica, isso sem falar nas praias de rios.

Tudo isso faz com que a Ilha do Cardoso seja um destino turístico muito visitado, principalmente durante o verão.

O aumento do turismo

No início da década de 2010, a Ilha do Cardoso entrou na rota de destinos mais procurados e, dessa forma, viu o número de visitantes crescer de uma hora pra outra.

O turismo é uma fonte de renda importante das comunidades caiçaras e indígenas da ilha. Assim sendo, no começo a população encarou esse aumento como algo positivo.

Contudo, foi questão de tempo até que a Ilha estourasse sua capacidade de receber visitantes.

Os primeiros problemas que surgiram foram a falta de água e de luz com mais frequência; do mesmo modo, a produção de lixo aumentou tanto que não havia mais forma de descartá-lo de modo correto.

A seguir, veio o desequilíbrio da vida, tanto na água quanto nas florestas, afetando assim a pesca, outra atividade importante pra economia na região.

Por fim, o problema ficou tão sério que a comunidade se viu ameaçada de não ter nem o que comer.

Do problema à solução

Esse é um ótimo exemplo de como o turismo pode se tornar predatório. Ao longo das Expedições, pudemos acompanhar de perto o trabalho dos comunitários para resolver o problema.

Perceba que a ideia de receber cada vez mais visitantes, que antes parecia boa, logo se mostrou insustentável.

Não havia capacidade para abrigar tanta gente. A região passou a sofrer com os desequilíbrios e precisou encontrar uma forma de acabar com o turismo predatório.

Dessa forma, a comunidade tomou algumas medidas, tais como:

• Educar os visitantes a respeito de como lidar com seu lixo;
• Combater o aumento do preço dos imóveis em áreas onde vivem povos tradicionais;
• Respeitar e valorizar a cultura dos povos que vivem ali.

As autoridades e a comunidade local baixaram várias regulamentações da atividade turística, a fim de respeitar os limites da Ilha.

Uma delas definiu um limite diário de visitantes na ilha, para evitar superlotações. Outra estabeleceu um rodízio de guias autorizados a realizar trilhas pela reserva ambiental.

Houve ainda um esforço para os restaurantes atuarem de forma mais sustentável, especialmente em relação à pesca.

Conclusão

Depois de quase ver a história e a natureza serem destruídas pelo turismo predatório, a Ilha do Cardoso está conseguindo virar o jogo, com muitos avanços e conquistas.

De qualquer modo, ainda há bastante trabalho pela frente, em busca de um turismo cada vez mais sustentável.

Um local onde o turismo deixou de ser saudável e se tornou predatório já conseguiu achar soluções para reduzir as perdas e equilibrar os ganhos sociais, econômicos e ambientais.

E você: consegue pensar em algum destino brasileiro que está sofrendo com o turismo predatório? O que você acredita que poderia reverter esse problema?

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